O que te impede de vir aqui e dizer o que sentes? Já se foi
perdido muito tempo e nós estamos como poeira, à sombra de algo que possa nos
alimentar, enrijecer. Tenho fome querido, de você também! Mas principalmente
dos dias de sol, da falta que aquele calor me traz, das bebidas geladas, e do
seu suor. Do suor sim, do seu junto ao meu! Do nosso suor produzido sempre que
estávamos juntos. Você já conhece aquele medo que tenho de dizer as palavras erradas
ou certas nas horas certas e erradas. De qualquer forma, tenho medo de dizer.
Coisas sem sentido, descontextualizadas, as que fazem todo sentido, que
anestesia, falta o ar, lubrifica o cérebro. E nós, aonde vamos com toda essa
filosofia de boteco que se apossa de nós as 4 da manhã de uma terça feira morna?
Ah, meu amor, se soubesses todo o caos que está aqui dentro desde que percorreu
os caminhos da minha vida.... Esse tipo de romancezinho picareta nunca foi meu
forte, bem sabes disso. Mas ultimamente, nem me reconheço mais em mim, às vezes
vejo-me naquela música romanesca, outras me imagino em um filme non-sense, mas
o certo é que queria viver sobre as esperanças de algo que nunca veio, e será
que virá? Quem diabos sabe... Só sei que
seu perfume impregnou em minha pele, já esfreguei para que ele possa sair,
libertar-se de mim, mas há algo injustificável na forma como nos encaixamos que
justifica todos os erros e tropeços e quedas e caídas e recomeços. E começos.